Origens do PTN

O PTN e suas Origens

1945 - Com o fim da ditadura do Estado Novo, em 29 de outubro foram convocadas eleições para presidente, governadores e a Constituinte. Também já haviam sido anistiados os presos políticos. Eliminou-se a censura. Mais de uma dezena de partidos passaram a funcionar e começaram a formar seus diretórios nas capitais e no interior. A Lei Eleitoral de então exigia o mínimo de 10 mil assinaturas em pelo menos cinco Estados para um partido ter seu registro definitivo. A Resolução no. 230 do Tribunal Superior Eleitoral, de 6 de Outubro de 1945, concedeu ao Partido Trabalhista Nacional o registro provisório.

Segundo os documentos da Justiça Eleitoral, seu primeiro presidente foi Adalberto Lima Leite. Nas primeiras eleições depois do Estado Novo, realizadas no pós-guerra, especificamente em dezembro de 1945, o PTN coligou-se com o PRP (Partido Republicano Paulista) e elegeu o paulista Romeu Campos Vergal para deputado à Assembléia Nacional Constituinte.

Hugo Borghi, industrial do algodão e do óleo, tinha sido um dos mais destacados lideres do movimento queremista, assim chamado por defender em 1945 a continuidade de Getúlio Vargas no poder sob o lema "Queremos Getúlio". Era a campanha da "Constituinte com Getúlio". Alcunhado de "líder marmiteiro", nos primeiros tempos do PTB, foi bastante fiel a Vargas e elegeu-se deputado á Constituinte

1946 - Em 22 de outubro, pela Resolução no. 1881, o PTN obteve seu registro definitivo.


1947 - Boicotado pelos próprios correligionários, Borghi deixa o PTB, levando consigo seu grupo e alguns diretórios sob sua inspiração. Resolve entrar no PTN, dando novo impulso ao partido.

Nesse momento, também ingressa o jovem deputado federal Emílio Carlos, descente de libaneses, um dos mais influentes oradores de seu tempo. Enquanto viveu, Emilio sempre esteve na primeira colocação da lista dos mais votados para deputado federal em São Paulo.

Esses novos membros da família PTN ajudaram a modernizar a estrutura do partido: dividiram o Estado em regiões, promoveram cursos de doutrinação política, além de se reunirem semanalmente. Hugo Borghi contaria mais tarde: "O PTN convertera-se realmente numa máquina tão azeitada quanto o PTB". Era um partido de verdade, impelido por um ideal e um programa, voltado para a ação permanente em defesa do povo, muito diferente dos partidos que só davam o ar da sua graça ás vésperas das eleições.

Borghi tornou-se presidente estadual do partido. A direção nacional do PTN foi entregue ao deputado Emílio Carlos. Pouco depois, Hugo Borghi propõe a fusão do PTN com o PTB. A idéia, que não prosperou, contou com a oposição de Emílio. Borghi acabou saindo do partido.

Nas eleições de 1947, para deputado estadual, o PTN elege seu primeiro representante à Assembléia Legislativa de São Paulo: Vicente Botta, da cidade de São Carlos.

1950 - Sob a liderança incontestável de Emilio Carlos, o PTN elege cinco deputados federais em São Paulo (o próprio Emilio, Dario de Barros, Coutinho Cavalcanti, Nelson Omegna e Alberto Bottino), um em Goiás e nove deputados estaduais para a Assembléia paulista. Nada mau para um partido ainda em fase de estruturação...

Na época, era enorme a repercussão dos trabalhos do Poder Legislativo Estadual. O Parlamento de São Paulo vivia, então, seus anos dourados. A opinião pública não ficava indiferente ao que se passava na Assembléia. Muito pelo contrário. Era a caixa de ressonância das grandes questões, o palco dos grandes debates, de momentos gloriosos da oratória parlamentar.


Na época, o PTN era um interlocutor importante no contato entre partido e sindicato, especialmente pela atuação de parlamentares comoFarabulini Jr., Chaves do Amarante, Ruy de Almeida Barbosa e Alberto Bottino. Esteve na linha de frente de movimentos pelo congelamento dos preços, nas passeatas contra a carestia dos anos 50 e no movimento "O Petróleo é Nosso", campanha dos grupos nacionalistas pelo monopólio estatal da exploração do petróleo.

A Campanha do "Petróleo é Nosso" foi uma das mais belas páginas da história do nosso povo, escrita com o sangue, o suor e as lágrimas dos setores mais vanguardistas da sociedade, na defesa de nossa soberania nacional e contra os trustes estrangeiros como a Standard Oil. O ideal que apaixonou o gênio Monteiro Lobato animou outros líderes nacionalistas como o comerciante José Guimarães de Abreu, líder comunitário do bairro paulistano da Penha. Abreu era um dos mais ativos condutores do Circulo Operário da Penha, que tanto fez pelos moradores desse bairro á época muito carente.

Durante a campanha pelo petróleo, José Guimarães de Abreu construí uma torre simbólica no Largo 8 de Setembro. Isso provocou a ira dos poderosos, a ponto de a polícia ter reprimido manifestações em torno desse monumento.

1951/1954 - Principalmente a partir de seu segundo governo, Getúlio apoiou-se ainda mais nos sindicatos como base política, o que fortaleceu partidos trabalhistas, como o PTN, estruturado, sobretudo a partir de São Paulo, e outros mais.

1953 - O sonho de José Guimarães de Abreu Concretizou-se na Lei no. 2004/53 que Getúlio Vargas assinou criando Petrobrás. O artigo 6º. dessa lei definia os objetivos maiores da empresa: "A Petróleo Brasileiro S.A. terá por objeto a pesquisa, a lavra, a refinação, o comércio e o transporte do petróleo, proveniente de poço ou de xisto e de seus derivados, bem como de quaisquer atividades correlatas ou afins".

No Segundo Governo, Getúlio Vargas encontraria enormes dificuldades para executar as providências que entendia necessárias ao país. Para o novo presidente do Brasil logo confluíram as hostilidades da grande maioria dos órgãos de imprensa e de setores das Forças Armadas desgostosos com o ousado aumento do salário mínimo.

Pressões de militares que chegaram a exigir a renúncia do presidente e a radical oposição política da UDN (liderada pelo raivoso Carlos Lacerda) geraram uma crise de enormes proporções. Indícios de corrupção nos porões do Palácio do Catete provocaram ainda mais instabilidade institucional, voltando a opinião pública contra o chefe da Nação.

Isolado e com sua imagem irremediavelmente prejudicada, o presidente só encontrou saída no suicídio.


1954 - Às oito e meia da manhã do dia 24 de agosto, Getúlio Vargas atirou contra o próprio peito, dando cabo de sua vida. Sobre a escrivaninha do quarto, foi encontrado um bilhete do ex-presidente com os seguintes dizeres:"À sanha dos meus inimigos, deixo o legado de minha morte. Levo o pesar de não ter podido fazer pelos humildes tudo aquilo que eu desejava".

O suicídio ocasionou um dos maiores traumas nacionais, com grandes distúrbios entre os populares e quebra-quebra nas ruas. A comoção nacional conseguiu inverter o quadro político, convertendo em vilões os mocinhos de ontem, aqueles que haviam movido a campanha contra o presidente. Getúlio post mortem foi elevado a herói de um povo, engrandecendo-se aos olhos da Nação. Mesmo depois de morto, a sombra de Getúlio Vargas continuou pairando sobre as políticas nacional e paulista. Na sua Carta-Testamento, o documento mais impressionante do século XX, deixou uma verdadeira profissão da fé no trabalhador: "Quando a fome bater á vossa porta, sentireis em vosso peito a energia para a luta por vós e vossos filhos. (...) Esse povo de quem fui escravo não mais será escravo de ninguém".

Após a morte de Getúlio, João Café Filho assume o governo até 1956.