Jânio Quadros

Jânio Quadros o grande nome do PTN

O PTN sempre foi a verdadeira casa de Jânio Quadros. Mas o leitor o pode perguntar: quem foi Jânio da Silva Quadros, o grande patriarca do PTN? Quem foi esse homem público que, a partir do bairro paulistano de Vila Maria, numa carreira política fulminante, em pouco mais de dez anos, galopou de uma suplência de vereador ás cumeadas da Presidência da Republica? Quem foi esse estadista que arrastou multidões em delírio às praças públicas?

Apesar tantos anos passados desde a despedida de Jânio da vida nacional, continua a merecer um resgate, a figura daquele político magro, macilento, esguio, aspecto de tísico, ar místico, olhos esbugalhados, estrábico, olhar distante, óculos de aro preto se equilibrando na ponta do nariz, bigode espesso, cabelos ensebados caindo na testa e teimosamente cobrindo as orelhas, de capote amarrotado e puído.

De modesto professor de português de ginásios, Jânio chegou a fenômeno da comunicação de massas,a um líder que veio da classe média baixa, sem família tradicional, sem tutores políticos a patrocinar seus primeiros passos na política, encarnando a repulsa à política de clientelismo, à política de concessão de privilégios, ao uso do Estado como cabide de empregos, gênese do estilo PSP do governador Adhemar de Barros conhecido na época como "rouba mas faz", teve como seu grande opositor a corrente ética da política que passou a ser liderada por Jânio Quadros, foi criando o movimento janista.


A atuação de Jânio como vereador na cidade de São Paulo e como deputado estadual foi a grande alavanca que o levou à candidatura a prefeito de São Paulo, enfrentando um enorme arco de partidos opositores ao janismo, assim composto: PSP-PSD-UDN-PTB-PRP-PR-PL, que registrou a candidatura do professor Francisco Antonio Cardoso. Uma campanha milionária, com uma enxurrada de material de propaganda e com apoio dos governos estadual e federal. De outro lado o PTN lança a campanha de Jânio Quadros com poucos recursos financeiros, pregando a campanha da Jânio é o povo quem faz e nascia a luta "do tostão contra o milhão".

Não tinha por trás de si nenhum grupo de mídia. Os moradores dos bairros mais desprotegidos na capital reconheceram no messiânico Jânio Quadros o homem que viria trazer sua redenção, o salvacionista que iria calçar a sua rua, implantar bicas d’água, melhorar o serviço de esgoto, que corria a céu aberto. Os excluídos se identificavam com o homem comum, barba por fazer, aspecto de plebeu, cara de sofredor, com aparência de faminto e de doente, olheiras profundas, parecendo esgotado fisicamente, que se mirava no exemplo de Abraham Lincoln e devorava sanduíches de mortadela.

1953 - A vitória do messiânico candidato, representou o auge da chamada "Revolução de 22 de Março". O primeiro ato da Jânio Quadros como prefeito foi afixar na porta de gabinete na Prefeitura uma tabuleta com o seguinte aviso: "Jânio Quadros não dá, não tem e não pede empregos para ninguém". Jânio representava exatamente a austeridade, o comportamento espartano, o aceno de justiça e não de favorecimentos imorais. Passou a dar ordens e acompanhar processos, e a cobrar secretários e diretores de repartições por meio dos "bilhetinhos", uma maneira original e inteligente de desburocratizar a máquina administrativa, de torná-la mais eficiente. Jânio acreditava que a moderna administração pública precisava de soluções rápidas.


1954 - Jânio Quadros chegou ao Governo do Estado pelo PTN em aliança com o PSB, seu período de governo é até hoje lembrando com um dos mais fecundos do século XX.

O PTN também elegeu cinco deputados federais: Emilio Carlos, Miguel Leuzzi, Luis Francisco Carvalho, Luis Carlos Pujol e Castilho Cabral.

O que de mais concreto o governo de Quadros deixou para posteridade foram os investimentos em energia elétrica. A eletrificação de São Paulo pode ser dividida em antes e depois dessa gestão, a julgar pela construção das usinas de Jurumirim, Itararé, Barra Bonita, Euclides da Cunha e Graminha. O volume de estradas pavimentadas, com Jânio á frente do executivo paulista, superou o de todos os governos anteriores. Outras obras de vulto foram a construção da ala internacional do Aeroporto de Congonhas, a criação da Polícia Feminina, da Delegacia Especializada de Investigações sobre Homicídios, do Instituto de Medicina Tropical do Hospital das Clínicas e das Faculdades de Filosofia de Rio Claro e Marilia. Para disciplinar o trânsito, introduziu a faixa de pedestres, através da Diretória do Serviço de Trânsito. Ademais, nessa época, Jânio saneou as finanças do Estado.


À parte o vasto folclore que envolve Jânio, a população sentia nele o administrador vigilante, atento, seguro, trabalhador, disciplinador, independente. Principalmente quando tomava conhecimento das "incertas" do governador nas repartições públicas. Nessas visitas de surpresa, ele às vezes flagrava alguma irregularidade, algum descuido, algum relaxamento de funcionário público. Não deixava de punir o descaso de funcionários para com a população. O Governador infundia respeito. Era menos demagogo nas ações do que nas palavras.

"O Jânio era arrogante para os poderosos e humilde para os humildes", diziaDorival de Abreu de seu mestre Jânio Quadros. O "homem da vassoura"conhecia o gênero humano como poucos. Sabia tomar o pulso das pessoas. Tinha faro. Tinha mais luzes intelectuais do que a média dos políticos brasileiros da época.

Neste mesmo ano o PTN elegeu cinco deputados federais (Emílio Carlos, Miguel Leuzzi, Luis Francisco Carvalho, Luis Carlos Pujol e Castilho Cabral).

1955 - O PTN com outros partidos lança Jânio Quadros ao governo de São Paulo em oposição a Adhemar de Barros, e com a marcha "Varre, varre vassourinha" se fez o hino.

Varre, varre, vassourinha
varre, varre, bandalheira
que o povo já está cansado
de sofrer dessa maneira

O antigo Partido Trabalhista Nacional foi aliado de primeira hora de Jânio Quadros, tendo figurado em todas as chapas em que o estadista matogrossense disputou eleição. O presidente do PTN, Emilio Carlos é sempre lembrado como um janista da velha guarda. Jânio fazia absoluta questão que Emilio discursasse em todos os seus comícios. E era nesse corpo-a-corpo com faixa do eleitorado mais popular, com os habitantes das vilas operárias que PTN se fortalecia aos olhos da população, diferenciando-se dos partidos carcomidos, partidos cartoriais, de gabinete, com práticas superadas. "Emílio Carlos foi o maior tribuno do meu tempo. Era peça indispensável nos comícios populares", conta o ex-deputado Farabulini Jr.


1956 - Com o apoio do PSD e do PTN foi eleito Presidente da Republica, Juscelino Kubitschek, apesar da oposição feita pela União Democrática Nacional (UDN) e de alguns setores militares.

A era JK inaugurou uma época de ritmo dinâmico de crescimento econômico. A implantação das montadoras no ABC paulista permitiu o desenvolvimento da indústria automobilística, gerando com isso milhares de empregos. A idéia era realizar "50 anos em cinco" e industrializar o país.

A grave crise de emprego no nordeste leva o empreendedor Juscelino Kubitschek a construção de Brasília, o que gerou na época, muitos empregos evitando com isso a crise social.

Ao longo de toda essa tumultuada década, o PTN, no Congresso e nas praças públicas, sempre repudiou todas as manobras golpistas urdidas no período e que não eram poucas.


1958 - O PTN fez parte da coligação que colocou Carvalho Pinto como governador do Estado. Nesse ano, cresceu a representação paulista do PTN na Câmara dos Deputados (Emílio Carlos, Olavo Fontoura, Rui Novais, Gualberto Moreira, Harry Normaton, Hamilton Prado, Luis Francisco Carvalho e Miguel Leuzzi).

1960 - O PTN foi o primeiro partido a registrar a candidatura de Jânio Quadros à presidência da Republica. Somente depois, os outros partidos se juntaram à apoteótica e vitoriosa campanha que sacudiu o Brasil Inteiro.

1961 - Na presidência, Jânio promoveu uma política externa ousada, avançada e independente, que afastou o tradicional alinhamento cego aos Estados Unidos. O governo brasileiro restabeleceu relações com os países socialistas.

Jânio quis levar adiante projetos de reformas estruturais, como a Lei Antitruste, a lei de limitação da remessa de lucros para o Exterior e a reforma agrária. Foi, contudo boicotado por grupos econômicos, sabotado por interesses internacionais e isolado por uma classe política que na época ele a chamou de "forças ocultas", os corruptos daquela época.

Neste mesmo ano, em 25 de agosto, Jânio Quadros não se curvou aos interesses escusos, preferindo renunciar a Presidência da Republica do que trair os seus seis milhões de eleitores. Estava reaberta uma nova crise política .

Em sua carta -renúncia, o Estadista assegurou: "Desejei um Brasil para os brasileiros, afrontando, nesse sonho, a corrupção, a mentira e a covardia, que subordinam os interesses gerais aos apetites e as ambições de grupos ou indivíduos, inclusive do exterior".


1961 - João Goulart (Jango) assumiu a presidência em 7 de Setembro, sob o regime parlamentarista.

Seu mandato foi marcado pelo confronto entre diferentes políticas econômicas para o Brasil, conflitos sociais e graves urbanas e rurais. Seu governo é usualmente dividido em duas fases

1ª. Fase Parlamentarista (da posse em 1961 a janeiro de 1963);
2ª. Fase Presidencialista (de janeiro de 1963 ao Golpe em 1964).

1962 - É criada por Dorival de Abreu a Rádio Marconi que se notabilizou como a Rádio do Trabalhador.

1963 - Em 23 de Janeiro faleceu o presidente do PTN, o deputado Emílio Carlos. Tal fato representou um duro golpe para o partido, que perdia seu rosto mais conhecido, seu líder mais popular.

O PTN com a participação ativa de Dorival de Abreu inicia a luta pelo retorno do País ao Estado de Direito, reestabelecendo o Presidencialismo, após uma ampla consulta popular, o Plebiscito.

1964 - Em 1º. de Abril, os militares dão golpe no Estado de Direito estabelecendo a Ditadura Militar, nessa época ocupam o poder e fecham a Rádio Marconi que somente volta ao ar após o amparo da Justiça, concedendo,um mandato de segurança. Esta luta durou até 1973 quando a ditadura Médici fechou definitivamente a emissora.

1965 - Em 27 de outubro, o velho PTN é extinto pelo Ato Institucional no. 2, inaugurando a era do bipartidarismo.


1966 - Enfrentando os abutres da ditadura feroz, Dorival de Abreu se elegeu deputado federal pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB), partido de oposição ao regime militar.

1967/1969 - Era Ditador Costa Silva.

1968 - Após o pronunciamento de Márcio Moreira Alves no Plenário da Câmara dos Deputados os ditadores baixam o Ato Institucional no. 5 e o País mergulha numa das mais negras páginas de sua história. Dorival de Abreu teve seu mandato cassando e seus direitos políticos suspenso por 10 anos.

Embora amordaçado pela selvagem ditadura, Dorival não perdeu as esperanças nas potencialidades do Brasil e continuou a refletir e a estudar os rumos da nacionalidade. Punido, esperava o momento em que as forças políticas do novo Brasil emergissem, oferecendo oportunidades de aperfeiçoar a cidadania de todos aqueles que trabalhavam para o desenvolvimento da Nação.

Com a redemocratização do país, acaba o bipartidarismo (que resumia o quadro eleitoral a MDB a ARENA), retornaram as eleições livres. As forças trabalhistas voltaram a ter voz.

1969 - Inicia a ditadura Médici

1974 - Inicia a ditadura Ernesto Geisel

1979 - Inicia a ditadura Figueiredo.


1985 - O País retorna ao Estado de Direito elegendo ainda pelo voto indireto Tancredo Neves e o Presidente José Sarney.

Neste momento ano, Jânio Quadros elegeu-se novamente prefeito de São Paulo. Contou na campanha, com o apoio decidido de Paulo Abreu, que Ilhe franqueou os microfones da Rádio Tupi (instalada na Vila Guilherme, vizinha a Vila Maria). Jânio apresentou um programa na emissora, dialogando com o cidadão comum e preparando-se para assumir os destinos da cidade.


1990 - No dia 15 de novembro, José de Abreu lança a Rádio Atual. Uma emissora voltada para a comunidade Nordestina de São Paulo. Emissora que lutou contra a descriminação existente, procurando divulgar a cultura nordestina tendo sido vítima em 1993 de uma agressão de um grupo neonazista.

1995 - O 25 de Maio foi uma data importante. Onde Dorival de Abreu relança junto com um grupo de idealistas, os alicerces e o manifesto para resgatarem a luta trabalhista recriando o Partido Trabalhista Nacional - PTN. Reunião que teve lugar à rua Desembargador Joaquim Celidônio, no. 33.

A nomenclatura era mais do que apropriada. Trabalhista, porque crente nos valores do trabalho, na harmonia entre ele o capital. Nacional, porque não nos vale um trabalhismo postiço, com fórmulas transplantadas de outros paises. O PTN defende um trabalhismo à brasileira. Tanto assim que o partido faz questão de trazer o verde e o amarelo nas letras de sua logomarca.

O PTN tem a vertebrar-lhe uma consistente plataforma programática. O grupo fundador acreditava que antes de se falar em distribuição de riqueza, há de se falar em sua produção. Contrariando alguns técnicos que orientam nossa política econômica, o PTN preconiza que o caminho para a eliminação da inflação é pavimentado por mais produção, menos gastos públicos, não se gastando mais do que se arrecada e se respeitando as mais elementares leis do mercado. Dorival de Abreu já denunciava: "As medidas de redução de consumo aniquilam a produção, liquidam a agricultura, enriquecem cada vez mais ricos, empobrecem a classe média e transformam a classe pobre em miserável".


O programa do PTN sublinha que a prática política visa sempre bem-estar. Assinala: "Bem estar na nossa concepção começa com os atributos naturais do ser humano, que devem respeitados na organização social, política e econômica: a vida, a igualdade racial, a capacidade de pensar, a tendência gregária, o sentimento de liberdade, o instinto de preservação e o direito à religiosidade".

Em 29 de junho de 1995, o novo PTN obteve seu registro provisório junto Justiça Eleitoral.

1996 - Em 10 de janeiro o PTN conquistou o registro definitivo.

Nas eleições municipais de 1996, Dorival de Abreu retorna com toda força ao páreo eleitoral e se candidatou a prefeito de São Paulo. Levou o programa do partido aos bairros da Capital. Foi aos debates e transmitiu às novas gerações a experiência de quem já esteve cuidando dos problemas da cidade como secretário municipal da última administração de Jânio Quadros na prefeitura de São Paulo (1986/1988).